.Interessante pensamentos que nos rodam a mente. As vezes penso, as vezes nem preciso, vai por instinto, vai de consenso. Já pensou nos contos de estrelas cadentes? Já fez pedido há uma, correu atrás ou mesmo pensou em pegar alguma? Imaginemos esse céu azul em dia ensolarado. Peguemos uma estrela então (elas sempre estão lá.. mesmo que não vejamos.. talvez seja porque nem nos esforçamos pra ver), façamos um desejo. Não, mais que isso. Um desejo por dia da semana. E a cada dia o desejo feito no dia anterior se desfaz.
.Na segunda, desejamos ser cegos. Por um dia não veríamos nada a não ser a escuridão. Escuridão? não, não acho isso, na verdade veremos a nós mesmos. Aglomerado de dúvidas, medos, angústias e anseios. Talvez quem sabe, aprenderíamos a conviver com isso o tempo todo, sem ser necessário buscar algum refúgio ou porto seguro pra desfrutar tais sentimentos. Enxergaríamos tudo que temos ao nosso redor, e talvez assim descobriria-mos que temos tudo que precisamos pra viver. Temos tudo.
.Na terça, decidimos ficar surdos. Aprender a escutar o que a vida fala pra gente, não em palavras ou pensamentos, mas de formas e momentos, não deveria ser uma forma de aprendizagem, mas sim uma forma de viver. Saber entender cada momento sem ser necessário palavras para isso. Olhamos para os lados(aprendemos a ver no outro dia lembra?) e tudo está a nossa volta. Não precisamos ouvir, basta ver e entender. Não precisa escutar, basta você olhar. Viu, está começando a saber viver.
.Na quarta, ficamos sem o olfato. Parece brincadeira mas nem todo mundo lembra disso. A importância talvez? Não sei, difícil fazer anáforas ou metáforas, talvez aprendesse-mos a diferenciar mais o certo do errado. O que nos é benéfico, ou que nos é maligno. Seria melhor não ter tanto medo de arriscar o desconhecido, temer o incerto, porque senão qual a graça de viver e não ter vivido, de que escolher é certo.
.Na quinta, perdemos a voz, perdemos o falar. Apesar do desespero inicial, percebemos que não precisamos usar de palavras para nos fazer-mos ser entendidos. Concordo com a idéia de que as palavras são um dom, e que elas tudo podem. Mas não precisamos de palavras para explicar, para auto-dizer ou se descrever, nem para conversar. Se realmente aprendemos a ver e escutar, sabemos agora que podemos falar todo o necessário nesse estado, que em certos momentos, podemos dizer tudo o queremos dizer e ouvir o mesmo, sem ao menos ser dita uma palavra sequer.
.Na sexta, ficamos sem o tato, sem os movimentos. Percebemos o quanto o encontro de dois corpos pode ser frio, pode ser inerte. O ser humano por muitas vezes acha que sem os movimentos, fica sem a vida. Viver dependendo dos outros, viver e não poder desfrutar da vida. A vida tem várias formas, vários caminhos. Não vou falar muito sobre isso. Me lembra um filme e uma história real. Mar Adentro, vejam e me falem. Talvez ao perder os movimentos, perder o tato, conseguimos entender a pureza e a magia no tocar. Saber como pode fluir o desejo, a pureza, a quietude ou voracidade, tudo em um simples toque.. como tudo isso pode mudar uma pessoa.. como um simples toque pode mudar a alma.. como um simples toque pode fazer falta.
.No sábado, não teremos mais paladar. Mais acima do que perder o prazer sagaz em embriagar sua voracidade, ou apreciar o efeito empírico produzido pelo pronunciamento de certas palavras e dizeres, ganharemos um poder letal. Um poder de talvez ferir alguém, de forma que jamais faríamos, de momentos que jamais repetiríamos. Mas assim, o "pensar" viria sempre antes do "falar". Sem o paladar, um medo se faria sobressair. Algo que jamais, no nunca poderia existir. O medo de nunca mais saber qual seria o gosto de um beijo. Assim quem sabe, os daríamos mais valor... assim quem sabe.. os daríamos por amor.
.O domingo, finalmente o domingo. Após viagens insólitas, de momentos sublimes, de momentos "sem momentos". No último dia, saturados e sem mais o que desejar, perdemos algo que não percebemos, perdemos o sentido de Sentir. Perdemos o sobrenatural, o além, o achar e duvidar, o aquém, o natural, o amor. Como viver ser poder sentir nada? Talvez criar outras formas de viver, talvez uma forma para isso esconder, achar que da para lutar, ocultar ou evitar. Eu aqui falo: Descartes você é um FANFARRÃO. Como dizer que "se penso, logo existo" e não completar com "se algo sinto, logo então vivo estou". Nessa semana fictícia, fizemos tudo isso. Na minha vida inteira, quero lembrar ao partir, que ao tudo deixar, tudo eu vivi, e principalmente senti. Tudo isso, foi o que eu pedi. Uma estrela cadente eu vi.
. Eu quero...
E não se Vá.
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